Pensamenteando

Sobre jogos não violentos

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Certa vez joguei um jogo de computador em que o objetivo era descobrir uma conspiração na corte. Não lembro se tinha um país específico, essa tal corte, mas digamos que era inglesa. Eu mal sabia português e o game era todinho em english, no saudoso DOS, então é preciso tomar minha interpretação com um toque de desconfiança, igual eu fazia com aqueles velhos e velhas de peruca.

Não sei o que me chamou tanta atenção no enredo. Não era de corrida, eu não sabia qual botão chutava, e vivia sendo esfaqueado pelas costas. Também não conheço ninguém que tenha tido o desprazer de jogar o tal jogo, mas gostava de imaginar que era imensamente popular.

Ao longo da vida, ele me vinha à mente com frequência. Quando vi meu primo jogar Tomb Raider e dar saltos mortais em 3D, soltando tiros para todos os lados, imaginei como seria mágico sair procurando as pistas das picuinhas monárquicas pela mansão, ao invés de só usar as setas para cima e para baixo. Com os controles do Wii, visualizei uma nova forma de interação ao ver aquele jogo de boxe cartunístico, onde os socos acompanhavam os movimentos das minhas mãos. E esses gráficos atuais então, tão realistas, todos em 4k… o futuro, realmente, é agora.

Mas a maior invenção de todas eu ainda não testei. A realidade virtual, aquele capacete imersivo que vai me trazer sensações reais com sons vívidos, toques sensoriais e sei lá, cheiro, talvez. E eu não paro de pensar que aquele jogo é uma receita de sucesso. Venderia milhões, seria baixado ilegalmente o triplo de vezes! O quádruplo! Um novo Game of Thrones, sem dúvida.

A receita seria a mesma, bastaria atualizar um pouco, usar esses elementos das novas gerações, e alguns das antigas. Um pouquinho de DOOM, Tomb Raider e corte inglesa, misturados em realidade virtual, permitindo que eu finalmente me vingue daqueles europeus duas caras que tanto me esfaquearam pelas costas…

É um sonho.

Um sonho que venderia milhões, tenho certeza.