Pensamenteando

Resoluções de meio de ano

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O ano está acabando, e ao contrário das outras vezes, resolvi fazer planos com antecedência. Nessa minha vida de intermitências, eu sempre deixo a decisão para o último instante. Quando as pessoas me perguntam sobre festas de final de ano, eu já solto no automático: "Natal com a família e réveillon ainda não sei...". Normalmente, depois disso, seja por um bem querer do receptor ou pura pena, vêm um convite em aberto que poucos esperam ser aceito.

— Ah, eu vou com um grupo de amigos para a casa de fulano.

Ou então:

— Sempre passo naquela festa top que é tudo liberado… Sim, essa que fica lotada… Não, quê isso, é super segura! Bem, as vezes da confusão, mas é só ficar ligado e correr da briga.

Eu vou me esquivando, me esquivando, e acabo anexado em algum plano de última hora – com exceção da festona.

Mas esse ano não!

Começamos, antecipadamente, eu e um grupo de amigos, coordenando-nos via whatsapp, a procurar um sítio com piscina, churrasqueira, quartos suficientes, preço razoável, quem sabe uma quadra de futebol etc... Na inocência inicial, acreditávamos ser possível achar um desses disponível a longínquos quatro meses de distância do trinta e um de Dezembro.

E realmente achamos, mas não alugamos naquele momento.

É aquela história… Em mais de uma roda de conversa soltamos o discurso que era para confirmar de verdade. Muita gente, como você, pessoa leitora, bem sabe, não considera que confirma de brincadeirinha, mas não confirma confirmado mesmo, sabe? De verdade verdadeira. E depois de eliminar os que "confirmaram", ficamos reduzidos a metade. Mas sem uma autoridade definida, o zapzap era metralhado por interesses variados. Alguns, como eu, desejávamos um local tranquilo, longe de tudo, para passar uma semana relaxante. Até encontramos um sítio novo, mas, outra vez, não fechamos. Um não podia ficar a semana toda e preferiu não ir, outros gostariam que fosse mais próximo pois teriam que trabalhar com escalas, e alguns, mais perdidos, nem sabiam qual o intuito do grupo. O tempo foi passando, e a data final se aproximando.

Depois de mais desencontros, em um exemplo de democracia muito mal estruturado, foi enviada a decisão, tomada às três da manhã de uma terça-feira, por uma facção que se viu por acaso – ou assim disseram –, na mesma festa aleatória.

Pelo menos, estava decidido, e isso já era algo. Eu só queria um pouco de sossego, e no passo em que a coisa estava indo, só iríamos ter algo pronto no ano seguinte.

Mas também não foi assim.

Na quinta-feira da semana seguinte, uma segundo célula rebelde, dessa vez às nove da noite, resolveu fazer oposição. Ambas as chapas começaram uma discussão ferrenha, com direito a xingamentos, rememorações da última eleição e muitos stickers.

A conversa não tinha nem pé nem cabeça e muita gente mudou de lado naquela batalha dezembrista. Eu, que já não aguentava mais, aproveitei a situação para sair do grupo.

Um outro amigo me convidou de última hora para passar o réveillon em Paraty. Eu topei. Esse ano, decidi com duas semanas de antecedência. Baita récorde.