Pensamenteando

Ajuste de velocidade

De manhã, a costumeira preguiça habitual era a regra. Tinha mil e uma atividades programadas, mas não chegava a fazer coisa alguma. Não sabia a razão dessa apatia. Não o importava.

Levantava e se esforçava para vencer a vontade de voltar para a cama. Fingia que o café lhe provia energia necessária mas a verdade é que apenas alimentava dois vícios. O de cafeína e o de rotina.

Enrolava o máximo que podia dentro de casa, tentando encontrar algo a ser feito, ou que ao menos lhe distraísse, mas a busca comumente terminava em vão. Não por falta de opções, mas por desinteresse. Desinteresse esse que era quase sempre presente em todos os assuntos da vida e a tal busca fazia as vezes de guia espiritual.

Procurava pessoas, afazeres, aventuras, amigos. Procurava emoções.

As vezes encontrava.

Mas apenas se esbarrava em um arranhão. Uma amostra grátis entregue em excelente qualidade mas em um recipiente de tamanho insuficiente. Parecia certo, parecia necessário, parecia completamente incompleto.

Uma incompletude que parecia correta, algo que fora programado e já estava tão natural que se sentia um pouco culpado de desconfiar de tão clara inconsistência. Acreditava que as expectativas eram o problema e resolveu acabar com esse sentimento que antecedia as datas e eventos especiais.

Decidiu que viveria no presente e que deixaria de ir a procura de tudo. Que só faria o que compreendesse por completo e nada mais. Seria seu próprio rei.

Parou de se preparar, parou de tentar demais. Parou tanto que parou por completo.

E assim ficou.