Pensamenteando

A última flor do lácio

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A lenda dizia que tudo começou com uma canção, que veio reverberando pelas vozes daquelas pessoas que até hoje aprendem a se comunicar. Mas a melodia tinha sua vontade, foi mudando de ritmo conforme os desejos a impeliam, e feito um raio de luz, ela ia, vinha, voltava, e avançava na maré do tempo que parecia brincar com as cores do mundo. Se reinventava. Em alguns momentos foi mais romântica, atando laços que até hoje podem ser ouvidos se espreitando, mais apertados, em uma tensão que aprisiona e faz gritar. Em outras ocasiões, alçou vôos altos para acabar em rasantes que a deixavam mais perto do que um dia havia sido. Em toda suas formas, em cada um de seus sabores, era ainda o que sempre tentou ser: um desejo inato de se fazer entender com o que tinha, para fugir de dentro de si, e encontrar o vazio do outro.